God is a concept
Faz tanto, mas tanto tempo que não tinha uma newsletter nova que talvez você nem se lembre porque se inscreveu para receber as minhas atualizações.
Mas estou aqui, fazendo o que posso pra me manter inteiro.
Nesse último ano com pandemia tenho me virado bem, mesmo com o constrangimento de ver tanta coisa dando errado e com a incerteza sobre o que vai acontecer amanhã. Fico em casa, trabalho, olho pela janela.
É engraçado que, como nunca fui de gostar muito de sair, eu achei que não seria difícil ficar em casa um dia após o outro. Não foi tão simples. Me acostumei — a gente sempre se acostuma — mas tudo tem um preço.
Para o trabalho, tive que pesquisar e aprender a produzir material para aulas online. Assisti a vídeos e mais vídeos no YouTube (e assinei o YouTube Premium, do qual não consigo me livrar mais) e comecei a escrever roteiros, gravar vídeos, criar atividades.
Agora acho que já vou bem e fico pensando em como vai ser quando voltar para as aulas presenciais. O que me incomoda mais é o fato de ter descoberto as muitas vantagens de trabalhar de casa. Eu ia para o trabalho de transporte público. Às vezes demorava uma hora e meia para chegar lá e participava de uma reunião que durava 40 minutos. Depois esperava três horas pra minha aula; ou pior, não tinha aula naquele dia, só a reunião mesmo. Como voltar pra isso?
O ritmo da vacinação aqui em Brasília está lento e os professores ainda não entraram na lista. Eu quero a vacina, e quero a vacina pra todo mundo. Mas fico pensando no meu lado que se adaptou à realidade atual. Afinal, é um ano já!
Enquanto isso, escrevo, leio, desenho, faço yoga, toco contrabaixo e, principalmente, escuto música.
Esses dias estava ouvindo aqui o relançamento de Plastic Ono Band, de John Lennon. É um disco feito em 1970. Cinquenta e um anos. Nem faz sentido. Mas a arte suporta dias, décadas, anos. A gente fica se sentindo parte das coisas e esquecemos que sumimos. Só o que persiste é o que a gente cria.
Então, escute música. E crie alguma coisa.
Por hoje é só. Fique bem!
Marcos Ramon, Brasília (30/04/2021)
Essa nova versão da newsletter tem um nome novo (Descomeço), que na verdade era o nome de um fanzine que eu fazia, e que na verdade é roubado de um poema do Manoel de Barros. 😉